Finalmente… sexo!
Barrigudos
Se você leu o título acima e ficou animado(a), esqueça. Este texto é sobre o sexo do bebê (se bem que em breve vamos falar de sexo mesmo). É que chegou a hora do ultrassom que diria se teríamos um menino ou uma menina.
Mas, antes de qualquer exame, várias pessoas já tinham palpitado ou aplicado em mim suas técnicas de futurologia. Branca, nosso braço direito do lar, fez o teste do pêndulo, usando linha e agulha em cima da minha mão esquerda.
Se fosse em outros tempos, ela seria queimada numa fogueira.
Durante o teste, ela não hesitou: “Cerrrteza que é um menino, Rita! O pêndulo está correndo numa linha reta. Se fosse menina, fazia um círculo.”
Fiquei pensando: E se fizesse uma forma oval? Seria um hermafrodita?
Várias amigas começaram profundas análises sobre o formato do meu abdômen. E 80% delas chegaram à conclusão de que seria menino, porque a barriga despontava como um míssil, e meninas deixam as mães mais arredondadas.
Se olhassem para mim, diriam que eu esperava uma linda garotinha.
Mas não ficamos apenas na barrigologia. Descobrimos também outras técnicas, como a pescoçologia, que é a arte de prever o sexo do bebê olhando o pescoço da mãe. Como o meu estava mais fino do que o normal, disseram que seria um menino.
Não podemos esquecer dos enjoólogos. Como Rita enjoava muito, estes disseram que se tratava de um menino. E bem cabeludo.
E há ainda os sensitivos, que apenas colocando as mãos na minha barriga, davam seus palpites com total certeza. O resultado, claro, foi um empate técnico. Metade disse uma coisa, metade, outra. Como no cara e coroa.
Ou como na economia.
Marquei o ultrassom para o dia do meu aniversário. Seria meu presente. Somos um casal muito curioso. Nem cogitamos não saber o sexo.
Eu acordei nervoso, agitado. Naquele dia iria conhecer muito melhor a pessoa que passaria o resto da vida comigo.
Logo que levantei, fiquei esperando os parabéns do Torero. Ele sempre apronta alguma coisa. Mas dessa vez não aconteceu nada. Ele até me deu uma bronca pela louça na pia. Então pensei: “Ele está preparando uma surpresa grande, fingindo que esqueceu o meu aniversário”.
Não era bem isso…
Não era mesmo. No caminho para o exame, ele olhou para o relógio do carro e se deu conta da data. Aí me perguntou: “É hoje o seu aniversário?”. Ele tinha esquecido. Mesmo. Em muitas relações, isso seria o começo do fim. Agora se defenda, Torero.
Senhores e senhoras do júri, pensem na situação deste pobre pai. Era o momento em que ele saberia se teria um menino ou uma menina, o momento em que saberia se teria uma mulher para ampará-lo na velhice ou um companheiro para o futebol. Um aniversário é muito importante, mas é mais importante do que saber o sexo de seu filho? Pensem com vossos corações e decidam se sou culpado ou inocente.
Inconformada e decepcionada, cheguei no laboratório com cara de brava. Aí a médica começou a mostrar uma perninha, um bracinho, um pescocinho, uma bundinha e finalmente…
Um pinto!
Eu, mãe de um menino! Essa foi a maior surpresa da minha vida. No fundo, nunca tinha me imaginado como mãe de um menino.
Para mim, tanto fazia. Mas saber aquilo deixou meu filho mais real, e comecei a chorar na sala. Não deu para segurar muito. E depois que saímos foi um vexame. Chorei de soluçar.
Para mim foi uma sensação de alívio, um presente, uma imensa alegria. Quando chegamos em casa, Torero trouxe um bolo. E já não fazia a menor diferença se estávamos comemorando meu aniversário ou o nosso filho.