Barrigudos

Arquivo : janeiro 2014

Seis bebês, seis meses depois.
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Por estes dias, num sábado ensolarado, houve um encontro interessante no Ibirapuera.

Seis crianças, seis pais e seis mães que seis meses atrás estavam na UTI, resolveram  fazer um piquenique no parque.

Cento e oitenta dias atrás, nós estávamos apreensivos, comemorando cada grama que nossos prematuros engordavam. Foi um período difícil, cheio de nuvens cinzentas. Mas isso ficou para trás e resolvemos festejar.

Foi uma alegria reencontrar todo mundo. Não só por revermos uns aos outros, mas por nos vermos fora do hospital, com crianças saudáveis e fazendo gracinhas. Foi uma espécie de baile de debutantes. Cada bebê mais lindinho que o outro, com uma roupinha mais fofinha que a outra.

A porta do MAM parecia um estacionamento de carrinhos de bebês. Estavam lá Matias, Bento, Pedro, Sofia, Isabela e Maria.

Nossas histórias pós-UTI foram diferentes e iguais.

Iguais porque todos viraram pais e mães mais zelosos e encanados do que o normal.

Diferentes porque cada bebê é único e cada um evoluiu do seu jeito: uns já começaram a comer papinha, outros estão no suquinho de frutas. Uns estão magrinhos, outros gordinhos (aliás, Matias era o mais pesado dos seis).

Houve bebê que cresceu pouco (mas está muito bem), mãe que teve depressão (mas já se recuperou), mãe que continua amamentando no peito e mãe que teve que parar por falta de leite. Mas todas tiveram seus percalços com amamentação, o que prova que amamentar prematuros é uma tarefa muito mais árdua que o normal.

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O piquenique estava mais para um banquete. Todos capricharam nas guloseimas, que iam de deliciosos sanduichinhos de diversos sabores, embalados um a um, passando por tortas doces e salgadas, biscoitinhos de queijo, grissinis, salada de frutas, bolinhos de milho, fubá e chocolate, sucos naturais diversos, água e café com leite.

Confesso que comi um pouco de tudo. Afinal tenho que zelar pelo nome deste blog.

Além da alegria que foi encontrar todo mundo com seus bebês saudáveis, foi muito importante trocar experiências com as mães e os pais. Assim ficamos sabendo de táticas e condutas diferentes de cada um dos pediatras, trocamos receitas de sucos e comidinhas para os bebês, descobrimos apetrechos diferentes que nos ajudam no dia-a-dia (o nosso sling, por exemplo, fez sucesso), comparamos preços e marcas de fraldas, cadeirões e roupinhas, e cada um trouxe uma dica importante sobre o que fazer com brotoejas, picadas de insetos, caspinhas e assaduras.

Essa troca de experiências foi muito útil. Às vezes, ser mãe e pai é padecer no isolamento das ilhas Maternália e Paternália.

Essas reuniões são importantes para a troca de informações e, na pior das hipóteses, a gente come bem.

O encontro foi tão bom que decidimos repetir a dose para celebrar o primeiro ano das crianças. Como todos os bebês nasceram com diferença de poucos dias, terão direito a um parabéns em conjunto, com mais uma festa. Quem sabe até em forma de um novo piquenique.


Um ano de aventuras!
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Há um ano e dois dias atrás, acordei às quatro e meia da manhã dizendo: “Eu não estou conseguindo mais aguentar. É agora!”

Eu levantei meio sonolento e peguei a câmera.

Quando acabei de fazer os procedimentos para o teste…

“Os procedimentos” quer dizer “xixi”.

… abri a porta e chamei o Torero. Ficamos olhando para aquela tirinha de papel. Em segundos o resultado estava lá: dois tracinhos. Positivo.

Caramba! Era verdade! Rita estava grávida.

Dois e mil treze começava com uma notícia bombástica. Seríamos pais.

Era o início de uma maratona de alegrias e neuroses.

Nos primeiros dias da gravidez, eu não queria fazer esforço nenhum, nem lavar a louça.

Tivemos a emoção de ver o primeiro ultrassom.  E contamos a novidade para nossos pais de uma maneira diferente.

Dormi muito, enjoei, vi minha barriga crescer e meu QI despencar.

Descobrimos que nosso bebê seria ele e não ela, e tivemos muitos debates para escolher o nome de Matias.

A gravidez corria dentro da normalidade. Meu maior problema é que tinha me transformado numa múmia bege.

De repente, uma reviravolta extraordinária: Matias nasceu! E um mês e meio antes do esperado.

Depois disso o Barrigudos virou um blog sobre prematuridade. Passamos a contar como era nossa montanha russa diária na UTI.

Rita fez um texto que teve mais de 1,2 mil curtidas, dando visibilidade ao assunto. Houve até um Câmera Record e um Encontro com Fátima Bernardes sobre  prematuros.

Falamos sobre as dificuldades de amamentação, Torero virou um canguru e conhecemos anjos de avental.

Finalmente, depois de 23 dias de UTI, Matias foi para casa. Aí entramos na rotina de pais de primeira viagem, e entendemos a importância da licença-maternidade.  

Eu virei uma náufraga na Ilha Maternália, mas consegui fugir.

Ficamos tão escolados no assunto que até fizemos uns “mandamentos para os pais de prematuros”. E outros para os amigos dos pais de prematuros.

Hoje já estamos mais tranquilos. Até já fomos ao cinema. E nos rendemos à mágica dos sorrisos dos bebês.

Torero e Rita

 

PS:  No texto acima colocamos os links de alguns dos melhores textos que fizemos neste ano. Para lê-los, é só clicar sobre as palavras sublinhadas.


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