Barrigudos

Presente para a pré-mãe

Barrigudos

O dia das mães está chegando e ficamos na dúvida se comemoraríamos ou não.

Eu, talvez pensando com o bolso, rapidamente respondi que não.

Eu, por outro lado, já me sinto meio mãe.

Para tirarmos a dúvida, resolvemos fazer uma enquete aqui no blog. E perguntamos: Uma mulher grávida já é mãe?

O resultado foi que dois terços dos respondentes disseram que sim, uma grávida já é mãe. Esse número era previsível. Mas outros dados foram surpreendentes. Por exemplo, eu pensava que o blog era muito mais lido por mulheres, mas tivemos apenas uma ligeira vantagem na participação feminina: 54% a 46%.

Outra surpresa foi que os homens, que eu pensei que votariam maciçamente no “não”, dividiram-se exatamente ao meio. Se bem que alguns deles devem ter sido um tanto coagidos, como o Marcelo Cardoso, que disse: “Mulher grávida é mãe sim! Até porque se eu discordar, minha mulher me mata…”. E Ronyboy falou: “Claro que sim, minha esposa descobriu ontem e já tive que dar presente de R$120,00… Se não for, quero reembolso.”

Eu já imaginava um consenso absoluto entre as mulheres. Mas me surpreendi quando algumas, como Maria Augusta, disseram que “o termo mãe está ligado ao nascimento e não à gestação”.

Maria Augusta tem um augusto senso de justiça.

Falando em justiça, a leitora Chatiana ponderou juridicamente sobre o assunto, revelando que a grávida “é mãe mesmo antes do bebê nascer, pois caso o mesmo venha a falecer após 24 semanas de gestação, ela tem o direito à licença-maternidade”. Há ainda uma portaria de 2010 que considera óbito fetal a partir de quando o bebê tem mais de 500 gramas, idade gestacional de 22 semanas ou comprimento de 25 cm. Ou seja, de certa forma, a partir daí o bebê passaria a ser considerado uma pessoa. Logo, a grávida passaria a ser mãe.

Mas esta é uma questão mais filosófica do que jurídica. E o que há de mais filosófico do que a língua? Nada. Ela é que revela nosso modo de pensar. E, no dicionário Houaiss, como bem lembrou o leitor Avelino Taveiros, a definição de mãe é: ''mulher que deu à luz, ou que cria ou criou um ou mais filhos''.

Antonio Houaiss, o pai do dicionário, nunca foi mãe. E, mais do que filologia, temos que recorrer à “filhologia”. Ou seja, à genética. E, segundo o leitor Carlos Eduardo Benedicto, a grávida é mãe porque “a criança dentro de seu ventre já tem um coração próprio, circulação sanguínea própria, um código genético só dela”.

Mas e aquela história de que “mãe é quem cria”? O Alexandre Luís Vignado lembrou que “mãe é quem cria, não quem vira o zoio e dá a luz”. Se isso é verdade, mãe não é quem gera. Muito menos quem está gerando.

Discordo. Eu tenho me sentido um pouco mais mãe a cada dia. É inegável que, desde que descobri que estou grávida, mudei o meu foco de atenção. Antes eu pensava no que era bom para mim. Agora, penso no que é bom para o meu bebê. Por conta disso, muitas mudanças já aconteceram no meu alimentar, dormir, exercitar e, principalmente, no sentir. Emocional e fisicamente. Porque o seu bebê já me chuta, viu, Torero!

Vai ser um Neymar!

Continuando: apesar de todas as mudanças que têm acontecido comigo, o foco da minha atenção continua sendo interno, porque o bebê está dentro da minha barriga. Daqui a pouco sei que o meu foco vai ser externo para valer.

Acho que esta é a causa da discórdia. Você já se sente mãe porque ele já interage com você. Chuta, dá sono, azia, etc… Mas com o homem isso não acontece. Ele ainda não me babou, não me mijou, nem vomitou em mim. Pai só se sente realmente pai depois que o bebê nasce.

Então você concorda que grávida já é mãe?

Não. E acho que no fundo você quer o mesmo que nossa leitora Michele Cruz, que respondeu à enquete dizendo: “SIMMMMMM! Quero presentes domingo!!!”

Não precisa ser um presente. Basta seguir a sugestão da nossa leitora Fiuca: “Na minha opinião, (grávida) ainda não é mãe, mas pode bem ser homenageada por antecipação, principalmente pelos papais que devem estar bem felizes com a expectativa. Uma rosa bastaria para deixar a futura mamãe contente…”

Ainda não me convenceu. E temos que ser corretos com nossos princípios. Não espere regalias no dia das mães.

Então isso me libera de lhe comprar um presente no dia dos pais, quando ainda estaremos grávidos.

Bem…, talvez eu esteja sendo um tanto radical.