Se meu carrinho falasse…
Barrigudos
Mais difícil que comprar um carro é comprar um carrinho de bebê. São tantos modelos e acessórios que você fica perdido.
O pior é que os preços variam muito. Você acha carrinhos de R$ 150 a R$ 5.000. Ou seja, o mais caro custa 33 vezes mais do que o mais barato.
É a mesma diferença de um Fiat Mille para um Mercedes-Benz SL65, o safety car da Fórmula-1. Mas o Mille e o SL65 têm motores bem diferentes. O do Mercedes é um V-12 que faz de 0 a 100km/h em 4,2 segundos. O do Mille mal chega a 100 km/h. Já nos carrinhos de bebê, o motor é o mesmo: você (1hp).
Para ter tanta diferença de preço, os carrinhos de bebê tinham que vir com air bag, banco de couro, ar condicionado e, principalmente, um motor. De preferência, com controle remoto, para a mãe pilotar o carrinho sentada no banco do parque.
A variação de acessórios não chega a tanto. Mesmo assim, causa uma certa confusão. O que é melhor, um carrinho com quatro ou três rodas? Ele deve ter moisés e bebê conforto? Alça reversível faz diferença? E quanto aos modos de dobrá-lo: é melhor um mais simples ou um que ocupe menos espaço?
O mais engraçado é que os pais para quem fazemos estas perguntas nos dão respostas totalmente diferentes. Para uns, o Moisés foi fundamental nos primeiros três meses do bebê. Outros nunca chegaram a usá-lo. E assim por diante…
Ser pai é padecer nas Feiras de Bebês e Gestantes…
E o carrinho não é única grande despesa que se tem na chegada do bebê. Berços, cômodas, armários, roupas, brinquedos, fraldas… toda uma infraestrutura é necessária. Se a gente não fizer as contas na ponta do lápis, é capaz de quebrar antes do bebê nascer.
Então pensamos: será que não existe uma rede de doação de usados para bebês? Eles se utilizam das coisas por tão pouco tempo que é um pecado jogá-las fora.
É uma afronta ao consumo consciente. E a maioria das pessoas fica com tralhas imensas, abarrotando quartinhos e banheiros.
Pois eis que, por sorte ou oração, uma amiga de Rita ofereceu-nos um carrinho.
Aleluia!
Era um carrinho de marca respeitável, com bebê conforto, bem conservado e com todas as peças. Só não estava muito limpinho.
Porque estava guardado há uns dois ou três anos.
Junto com o carrinho, a amiga nos indicou empresas especialistas em higienização.
Elas desmontam tudo e limpam peça por peça com produtos antialérgicos. No final, o carrinho fica como novo.
Por apenas noventa reais!
Me pareceu um bom negócio. Gastaríamos pouco mais que a metade de um Mille para ter um Range Rover.
Mas um amigo nosso, com cara de reprovação, falou: “Vocês vão querer uma coisa usada? Primeiro filho tem que ser tudo novo!”
Eu me senti ofendida. Era como se o fato de eu aceitar uma doação me fizesse uma mãe pior. Ou menos amorosa. Como assim, eu não faria das tripas coração para dar o melhor para meu filho?
Na internet, vi que com os cinco mil reais do carrinho mais caro, você compra um Peugeot 206, ano 2002. Vou deixar para quando ele fizer 18 anos.
Na mesma loja descobrimos que há a possibilidade de se alugar aqueles brinquedos caros e que as crianças aproveitam por pouco tempo. E também há brechós de roupas de bebê.
O que nos leva a uma questão: Qual o limite entre novos e usados?
Você compraria roupas de segunda mãe para seu filho recém-nascido? Alugaria brinquedos usados? Até onde vai o limite da reciclagem para você?
Dê sua opinião. Seja ela nova ou usada.