Pitaco na gravidez dos outros é colírio
Barrigudos
Quem nunca deu pitaco na vida dos outros que atire a primeira pedra.
Mas, quando o assunto é gravidez, os palpites se multiplicam. Todo mundo tem alguma sabedoria secreta e incontestável. E o pior é que às vezes estas sabedorias dizem uma o contrário da outra.
Um exemplo disso é a preparação dos seios para amamentação. Alguns recomendam que se use bucha no bico dos seios e creme desde o início da gravidez, para dar uma calejada. Outros dizem que a bucha deixa o bico ainda mais sensível, e recomendam que você tome sol.
Hum… topless…
Como se isso fosse fácil! Na praia, você é presa. E na varanda do apartamento fica exposta aos binóculos indiscretos de adolescentes espinhentos.
Eu acho que o certo é o futuro pai fazer uma massagenzinha de vez em quando. Hein, hein?
Outra questão: o berço.
Já ouvimos pais dizerem que o melhor é deixar o berço do lado da cama nas primeiras semanas do bebê. Assim fica mais fácil ver quando há algum problema, pegá-lo quando ele chora, monitorá-lo, etc…
Por outro lado, há quem sustente que o melhor é deixá-lo dormindo no próprio quarto desde o começo, para que ele logo se acostume a dormir sozinho.
O engraçado é que as duas facções têm certeza absoluta de sua tese. São como os reencarnacionistas e os ressurreicionistas. Ambos pensam ter a resposta para a grande pergunta, mas só uma delas pode estar certa. Ou nenhuma.
E as fraldas então? Não existe consenso sobre a quantidade que devemos comprar de tamanho RN e P. Há quem diga que quase não se usa fralda RN. Um ou dois pacotes já seriam suficientes. Outros falam que você deve estocar fraldas como se fosse um Noé esperando o Dilúvio.
No caso, um dilúvio de cocô.
O mesmo acontece para as roupas. As quantidades e tamanhos de bodies e mijões indicadas são totalmente díspares. Ninguém se entende. É uma torre de Babel.
Estamos bíblicos hoje.
Falando nisso, há a questão do moisés. Existem os superdefensores e aqueles que falam que é algo inútil, um desperdício de dinheiro.
Para Moisés foi útil. Será que era uma cesta inflável?
A questão mais polêmica é o tipo de parto. Há radicais dos dois lados.
Dos quatro. Temos os defensores da cesariana, os amantes do parto normal, os entusiastas do parto de cócoras e os fãs do parto na água.
É o tipo de assunto que eu nem consigo discutir com as pessoas. Cada um é tão seguro de sua posição que eles nem param para ouvir dúvidas, anseios, questionamentos… E eu fico com a impressão de que todo mundo só me fala o lado bom dos métodos.
São como muçulmanos, católicos, protestantes e judeus. Cada um acredita que a sua religião é a melhor. E as outras são crendices primitivas.
Os pitacos não são só sobre assuntos sérios. Há briga até no tipo de pijama que eu tenho que levar para a maternidade. Tem gente que diz que devo ter uma camisola bem larga. Outros falam que o certo é pijama com botões para facilitar a amamentação. E eu não tenho uma coisa nem outra.
Enfim, o que fazer com os pitacos?
A gente ouve tudo, mas no fim decide o que for melhor para a gente.