Na matinê com Matias
Barrigudos
(Hoje Rita escreve em preto e Torero, em azul)
Há muito tempo nós não íamos ao cinema. Tenho a impressão que o último filme que vi foi “Os embalos de sábado à noite”.
A primeira vez que eu e Torero fomos ver um filme, acabamos assistindo a dois seguidos. E isso acabou virando um hábito nosso, de tanto que a gente gosta de cinema. Mas na Ilha Maternália não tem cinema. Ou não tinha. É que descobrimos o CineMaterna*, sessões onde mães e pais podem ver filmes com seus bebês de até 18 meses.
Já para comprar o ingresso notamos a diferença. Todo mundo empurrava carinhos de bebê e estava na fila do caixa preferencial, que, no caso, não é uma grande vantagem.
A sessão é preparada para crianças. Ou seja, o ar condicionado nunca está muito forte, há sempre um pouco de luz e o volume é um tanto mais baixo. Mas o filme é para adultos.
Logo na entrada da sala, depois de tirar foto com um Papai Noel, vimos um estacionamento de carrinhos de bebê. E há até manobrista. É que as pinks, as moças da equipe CineMaterna, estacionam o carrinho para os mais atrapalhados como nós.
Lá dentro já havia umas cinquenta pessoas. Bebês, mães, alguns pais e um casal de desavisados. Será que eles desistiram de ter filhos ou foram correndo fazer um?
Cinquenta espectadores é um bom público para o horário (14h00). E o preço do ingresso não tem nenhum acréscimo.
Na fileira da frente há um tapete de atividades para os bebês. E há dois trocadores com fraldas, cremes para assaduras e lenços umedecidos à disposição. Nem precisamos sair com aquela bolsa lotada de coisas para o bebê.
Tudo grátis. Não que eu ligue para isso…
Quando começou a sessão, Matias se comportou como um cinéfilo. Ficou com os olhos grudados no telão. Deve ter pensado: Quem são estes gigantes?!
Depois de uns dez, quinze minutos, alguns bebês começaram a chorar.
Quando olhei para trás, vi cinco pais carregando seus bebês nos corredores laterais.
Eu fiquei muito orgulhoso porque Matias não estava chorando. Pensei: Meu filho será um diretor de cinema melhor que eu (o que não é nada difícil). Mas, depois de exatos trinta minutos, lá veio o berreiro. Então pensei: acho que vai ser crítico mesmo.
Enfrentei a situação de peito aberto. Ou seja, dei de mamar para Matias. E, quando olhei para os lados, vi que outras mães faziam o mesmo.
Em vez de pipoca, leite.
Matias mamou quietinho e depois pegou no sono. Ficou assim até o final do filme.
Que por sinal, foi bom. O título é ruim (À procura do amor), mas os diálogos são espertos, os atores estão muito bem e o filme escapa dos clichês da comédia romântica padrão.
Depois da sessão, algumas pessoas seguiram para um café ao lado do cinema. Essa foi uma chance para conhecer e conversar com outras mães e diminuir o isolamento da Ilha Maternália.
Depois disso começamos a acreditar que há vida social com bebês de colo.
*O CineMaterna está em 60 cinemas, 32 cidades e 15 estados. Para saber se há algum perto de você, olhe no site: http://www.cinematerna.org.br/