Barrigudos

Cólica, essa maldita

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Nessa última semana Matias abriu o berreiro em decibéis jamais alcançados. Se algum morador do prédio suspeitava que havia um novo morador no 114, suas dúvidas foram eliminadas. Tenho certeza que o choro de Matias foi ouvido até na drogaria da esquina.

Não foi choro de fome, nem de colo, nem de birra. Matias teve algumas de suas piores crises de cólica desde que saiu da UTI.

A cólica, essa maldita, não tem hora para começar, nem para acabar. Em geral vem acompanhada de alguns punzinhos ou de gases se mexendo na barriguinha do bebê. Às vezes, para Matias, também surge antes de um grande cocô.

Parece que em prematuros a cólica pode ser ainda pior, mais constante e mais intensa. Matias bem sabe.

É difícil encarar a cólica como algo natural em bebês novinhos. Não é justo que algo incomode tanto um serzinho tão pequeno.

A cólica não dói só no bebê. Dói no pai e na mãe também. Por exemplo, carreguei Matias o tempo todo com sua barriga virada para baixo. Essa é uma posição anticólica ótima para ele, mas desajeitada para mim. Com seu peso, minhas costas ficam arqueadas como as do corcunda de Notre Dame, e isso tem rendido algumas dores constantes.

Como mãe, faço tudo o que posso para aliviar a dor de Matias. São diversos métodos que aprendo e aplico na base da tentativa e erro.

Por exemplo, quando uma grande cólica chegou por esses dias, tentei carregá-lo no sling, que em geral o acalma. Mas descobri que durante a crise o sling mais atrapalha do que ajuda. É que Matias fica esticando fortemente as perninhas, como manobra para tentar liberar os gases, e no sling há pouco espaço para contorcionismos. Como resultado, ele ficou mais incomodado e chorou ainda mais.

Em outro pico de dor, tentei fazer massagens anticólica: comecei com o sobe-e-desce da perninha, seguido de movimentos circulares na barriguinha. Matias gostou e parece que relaxou da dor no instante da massagem. Mas foi só parar que a cólica voltou com tudo.

Também coloquei em ação a almofada térmica de sementes.  Ela funciona como uma bolsa de água quente, só que é feita com sementes que podem ser aquecidas no microondas. É prática e mais segura para o bebê porque não há perigo de estourar e vazar. Com apenas 40 segundos no microondas ela já fica quentinha na medida certa para uso. Mas infelizmente não poderei mais usá-la. O Tico brigou com o Teco e por engano marquei no visor do microondas 40 minutos, em vez de 40 segundos. Resultado? Infectei a casa com fumaça e cheiro de grãos queimados. Tive que jogar a almofada fora. E fiquei com um estranho desejo de comer pipoca.

Para aliviar as crises, tenho colocado Matias no banho de ofurô . Parece algo chique, mas o ofurô é literalmente um balde bonitinho e um pouco mais reforçado do que aqueles da lavanderia de casa. Matias adora ficar imerso nele como um saquinho de chá. Só não sei se, ao sair, seu choro é da cólica que não passou ou da frustração do banho ter acabado.

Por fim, faço uso dos remédios para gases, que não acabam com a cólica, mas aliviam um bocado.

Um bebê com cólicas paralisa uma casa e mobiliza mãe e pai. Todos ficam em função de fazer com que aquele choro desesperado acabe o quanto antes. Por conta disso, tenho acumulado alguns recordes nessa semana: menor tempo dormido por dia, menor número de banhos tomados, maior olheira de todos os tempos, pior cabelo da história.

Os especialistas dizem que as cólicas em bebês costumam acabar por volta dos três meses. Como Matias já alcançou essa idade, eu e Torero teríamos que comemorar, pois o sofrimento estaria no fim. Mas não. Como ele é prematuro, é como se ainda tivesse dois meses de vida. Não adianta chorar. Parece que teremos mais um mês choroso pela frente…

 

P.S.1- Este texto, um tanto atrasado, foi feito às pressas em um intervalo de cólica do Matias.

P.S.2- Se alguém tiver alguma dica anticólicas, por favor, envie.