Barrigudos

A montanha russa do sexo

Barrigudos

Há épocas em que uma mulher se sente uma deusa do sexo, uma mistura de Brigite Bardot com Catherine Zeta-Jones. O começo de uma gravidez não é uma dessas épocas.

Não há motivo para isso. A grávida continua tão bela quanto antes. Ainda mais no começo, pois não há nenhuma mudança aparente.

Mas não é assim que uma grávida se sente. Pelo menos no meu caso. Eu achava que meu rosto estampava exatamente o mal estar que eu sentia. Ou seja, me imaginava levemente esverdeada e com o lábio torto.

Uma marciana. Justo meu tipo!

Por conta disso, sexo era a última coisa que passava pela minha cabeça. Ou melhor, a penúltima. A última era comer feijoada.

Minha tese para esta inapetência sexual é outra. Acho que é uma questão física. Como as recém-grávidas já têm um pão em seu forninho, elas passam a desprezar o, digamos, cassetinho. Tanto que entre os animais são raras as fêmeas que copulam durante a gestação.

Nós, mulheres, somos mais complexas. Sexo para nós é sensação. Vai muito além dos apelos instintivos. Mulheres fazem sexo após a menopausa, não dependem do período fértil para ter tesão, podem ficar excitadas quando ganham uma rosa ou brochadas quando o homem tira um palito personalizado do bolso no fim do jantar e começa a limpar os dentes.

Se eu passar fio dental, você fica excitada? Sabor hortelã!

Enfim, o fato é que fiquei muito insegura em relação a várias questões. O sexo poderia machucar o bebê? Ele sentiria alguma coisa durante a relação? Ser ativa sexualmente poderia provocar um aborto? Travei. E fui procurar ajuda.

A médica disse que, como Rita estava numa gravidez normal, sem complicações, não havia problemas com o sexo. No fundo, acho que estas dúvidas são culpa da Virgem Maria. E não estou fazendo piada. O cristianismo faz uma oposição entre maternidade e sexualidade. Tanto que a mãe de Jesus, segundo a lenda, jamais teria feito sexo. A sociedade acha que uma mãe fazer sexo é pecado. 

Pecado mesmo é o quanto meus seios doíam no começo da gravidez. Sem contar que eles ficaram grandes.

 Sim, bem grandes…

Tire a mão daí!

 Repressão, repressão…

É verdade que eu sentia séculos de repressão feminina sobre meus ombros. Mas não era só isso. Para minha surpresa, me percebi mais guiada pelos hormônios. E eles não desejavam sexo.

 É a minha teoria do forninho cheio.

Não tem a ver com forninho cheio. Porque, depois de um tempo, tudo mudou. Passei para o outro extremo. Virei uma libidinosa.

 A médica avisou que isso ia acontecer. Mas não acreditei. Ainda bem que eu estava errado.

Confesso que pensar em sexo o tempo todo foi tão assustador quanto não pensar em sexo jamais.

Só que, nessa fase, a barriga já atrapalhava um pouco. Ironicamente, já não podíamos praticar o tradicional papai-e-mamãe. Tivemos que achar outras posições. Então foi muito útil uma página aqui do Gravidez e Filhos, uma espécie de Mama Sutra. O link é este: http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/album/2012/08/28/veja-posicoes-sexuais-confortaveis-para-as-gestantes.htm#fotoNav=6.

Com esta montanha russa do desejo sexual, descobri que, apesar de todas as nossas complexidades psicológicas e sociológicas, ainda somos, para o bem ou para o mal, um parque de diversões hormonal.