Barrigudos

Miami é aqui. Ou logo ali.

Barrigudos

A moda é comprar o enxoval do bebê em Miami.

Um tanto pelo glamour, outro tanto pelo preço baixo.

Mas o que poucos sabem é que existe uma Miami aqui mesmo.

Ou melhor, ali. Em Pernambuco. E conhecemos o lugar por acaso.

Torero participou do CinePE e aproveitamos para visitar uma escola que tinha lido os seus livros.

Essa escola fica em Santa Cruz do Capibaribe, no agreste pernambucano, a três horas de Recife.

Lendo sobre a cidade, descobrimos que ela possui o maior parque de confecções da América Latina e um grande pavilhão de 120 mil metros quadrados (o tamanho de 12 campos de futebol), com mais de 10 mil lojas.

Em dias de grande movimento, cem mil pessoas circulam por ali. Essa indústria fez a cidade crescer muito. Saltou de vinte mil para cem mil pessoas em menos de uma década.

No começo, ela era conhecida como Feira da Sulanca. As roupas eram feitas com elanca trazida do sul.

Mas eram de baixa qualidade. Com o tempo, a cidade atraiu indústrias de tecido e confecções, que foram se sofisticando e hoje atendem até o exigente mercado internacional.

Famílias inteiras se mudaram para lá em busca de riqueza. E têm conseguido. Uma simples costureira ganha cinco mil reais por mês. É uma espécie de Serra Pelada, só que de roupas.

Então é uma Serra Vestida.

Só que a indústria de confecções está consolidada e não vai acabar como o ouro.

Depois da palestra para as crianças resolvemos dar um pulo até lá, só para conhecer.

Começamos comprando algumas roupas para dar de presente, até que descobrimos que havia coisas para bebês e num preço inacreditável.

Aí Rita enlouqueceu.

Bodies e culotes a R$ 5, camisas polo de criança a R$ 3, macacões, meias, luvinhas, sapatinhos, kits-berço, jogos de lençol, cobertores, mantas, casaquinhos, saídas de maternidade, malas, tudo lindinho para os olhos e para o bolso.

Eu até fiquei por ali no começo das compras, mas depois de algum tempo desisti e fui comprar umas camisas de times de futebol (elas custavam quinze reais, em vez dos duzentos que estão custando as da seleção). Quando voltei à loja em que tinha deixado a Rita, ela estava atrás de uma montanha de roupas. Pensei que ela estava escolhendo. Mas não, aquela era a nossa compra.

Fui mostrando para o Torero as coisas que eu tinha escolhido. Ele também achou tudo lindo e barato. Só que tínhamos um problema: como levaríamos tudo aquilo?

A saída foi comprar uma mala. A maior que encontramos.

Lamentei não ter levado minha lista de enxoval, porque poderia ter comprado tudo ali.

Ainda falta alguma coisa?

Sempre falta. Criança perde tudo muito rápido.

Se você quer comprar roupas baratíssimas, não precisa gastar uma passagem para Miami. Pode ir até Recife, que é um lugar muito agradável, e dar um pulo em Santa Cruz do Capibaribe. A cidade não exige visto de entrada, você não precisa ser humilhado na alfândega, as atendentes falam português e recebem em reais.

Não se iluda, porém, que você encontrará por lá uma Miami nos detalhes do glamour. A estrutura é popular, os banheiros deixam a desejar  e o local é focado apenas em confecção, ou seja, carrinhos de bebê, berços e afins ficam de fora da lista de compras. Mas você ainda pode dar uma passadinha em Caruaru, que fica no caminho, onde tem a feira mais doida do mundo.

Chega de compras, Rita!