Matias está falando!
Barrigudos
Não, não é que ele seja um bebê precoce, um gênio de fraldas. É que ele fala através de caras, bocas, gestos, sons e choro. Muito choro.
Como pais de primeira viagem, ficamos um tanto perdidos com os sinais que ele nos dá. Qual a diferença entre o choro de fome e o choro de cólica? Quando ele enruga a testa é sensibilidade à luz ou sinal de que está enfezado?
O único sinal que eu conheço é o bocejo, porque tenho feito muitos desde que Matias nasceu.
O ideal seria que criassem um Baby Translator, uma máquina que pudesse traduzir instantaneamente a linguagem dos bebês.
Assim, era só Matias fazer algum grunhido que o Baby Translator o traduziria como “Quero mamar”, “Fiz cocô” ou “Me deixe pelado, sou um nudista”.
Eu li que um pessoal da Universidade Brown, nos Estados Unidos, está quase chegando lá. Mas enquanto a tecnologia não avança, recorremos aos livros. Em um deles encontramos uma tabela que decodifica os gestos, sons e choro dos bebês.
Mas não deu muito certo. Provavelmente porque o livro é norte-americano e os bebês de lá gemem em inglês.
De qualquer forma, com o tempo fomos melhorando nosso vocabulário bebeliano.
Por exemplo, soluço quase sempre é frio. Já quando ele passa as mãos pelo rosto insistentemente é cólica.
O choro sem lágrimas que ele faz quando estamos mudando sua roupa significa: “Soltem-me, seus torturadores! Por que vocês têm que me colocar dentro desses bodies-de-força?”.
Além do choro e dos gestos, há uns barulhinhos diferentes. Os bebês prematuros fazem alguns sons diferentes dos bebês a termo. São uns grunhidos que lembram vários animais, como cabritinhos, galinhas, golfinhos e pôneis.
É como se tivéssemos uma fazendinha em casa. Se é que alguma fazenda tem golfinhos.
Até agora sabemos que o barulhinho do tipo relincho é como uma reclamação ao acordar, como “Me deixem dormir!” ou “Mais cinco minutinhos, por favor”. Já durante o sono ouvimos o barulhinho tipo cabritinho, que deve significar “Estou dormindo profundamente, não me acordem”. E desconfiamos que o cacarejar seja ''Troquem minha fralda, escravos!''.
O som de golfinho ainda é um mistério. Talvez só Flipper possa traduzi-lo.
O pior é tentar identificar o choro. Dá até vontade de chorar por não entender o que ele significa.
Mas um tipo de choro a gente já conseguiu captar: é o choro por colo.
Ele sempre acontece quando Matias está no berço e percebe que estamos por perto. Aí ele chora bem alto e com gritos longos.
Mas para imediatamente quando o pegamos no colo.
Na verdade, Matias ainda não está falando. Mas já sabe fazer chantagem emocional.