Barrigudos

Nossa inimiga, a vaca

Barrigudos

A vaca é um animal sagrado para os indianos. Há até um refrigerante de urina de vaca, e suas fezes são usadas em rituais. Lá, ela é considerada mais ''pura'' que os sacerdotes, a casta mais elevada da sociedade indiana.

Mas a vaca não adianta nada para Matias.

Fizemos uns exames por esses dias e tudo indica que ele tem uma certa alergia ao leite de vaca. E este leite está presente na fórmula do leite artificial que ele está tomando.

Tudo começou quando encontramos umas pintinhas de sangue no seu cocô (veja o texto anterior: ).

Segundo a pediatra, isso é muito comum em prematuros, pois seus intestinos são muito frágeis. E, se não tratada, esta alergia pode levar a um quadro de anemia pela perda constante de sangue.

Assim, tivemos que trocar de leite. Agora, Matias passou a tomar um tipo especial, livre de leite de vaca. E eu passei a não poder comer alimentos com leite e derivados porque continuo (ainda bem) dando o pouco de leite materno que tenho. Adeus queijos, até um dia iogurtes, quem sabe nos veremos no futuro, café com leite.

Ao que parece, este leite custa uma pequena fortuna. Amigos nos disseram que cada lata de 400 gramas sai por volta de 140 reais. Ou seja, teremos que gastar uns trezentos reais por semana. Mas  já no disseram que há um programa de subsídio do governo. Se conseguirmos usá-lo, informaremos aqui.

Mas o pior não é o preço. O pior é que Matias não aceitou esse leite muito bem. Agora está mamando apenas metade do que mamava. Dos 120 ml a cada três horas, passou para 60 ml. Às vezes menos.

Além disso, sua mamada está bem mais lenta. Ele perdeu aquela voracidade que tinha pelo leite anterior. É como se ele tivesse trocado uma espetacular paella por um reles chuchu cozido.

E, se o novo leite é difícil de entrar, é mais difícil ainda de sair. Matias quebrou seu recorde de abstinência cocozal. Está há a mais de 40 horas sem nos presentear com aquele seu acarajé, com aquela sua sopa de mandioquinha. Queremos seu cocô spray de volta!

Ele faz força o dia todo, mas nada. Só quando dorme há uma trégua em suas entranhas.

Sentimos como se tivéssemos voltado no tempo, lá pelas épocas de UTI. A preocupação que ele aceite este novo leite é enorme. Ele estava ganhando peso muito rapidamente com o outro leite e seu apetite nos deixava tranquilos. Agora, estamos apreensivos, em dúvida, lamentando o leite não derramado.

A vaca, quem diria, é nossa inimiga.

 

PS: Depois de 45 horas e de um supositório de glicerina, Matias fez cocô. Ufa! Mas há que ver se o problema continua.