Matias vai à pediatra
Barrigudos
(Hoje, Rita escreve em preto, Torero, em azul)
Matias deu seu primeiro passeio.
Infelizmente não foi para um parque ou para uma praia. Nós o levamos à pediatra.
Depois de colocá-lo na cadeirinha, saí dirigindo com cuidado. Trazendo Matias para casa não passei dos 30 km/h. Agora já estou bem mais ousado e cheguei aos 35 km/h. Não foi uma viagem muito rápida, mas em compensação deu tempo para preparamos uma boa lista de perguntas.
No consultório, a primeira coisa que chamou nossa atenção foi que a simpática secretária nos levou para uma sala separada, porque havia outras crianças na recepção.
Quando questionamos o por quê, ela disse que os prematuros precisam de mais cuidado e Matias não estava imunizado o suficiente para entrar em contato com outras crianças.
Durante nossa conversa com a médica, minha primeira pergunta foi quando poderia deixar Matias só com o leite materno.
Ela respondeu que, pelo jeito, isso não iria acontecer tão cedo, e que eu teria que complementar a mamada dele com leite artificial, assim como na UTI.
Sobre este assunto, vale um parêntese:
Não produzo quantidade suficiente para suas necessidades diárias, mas achei que em casa isso se resolveria magicamente: meu leite jorraria como um poço de petróleo branco e eu reproduziria aquele quadro de Leonardo da Vinci com a Madonna dando o peito para Jesus. Ledo engano. Tivemos que continuar com o leite artificial. Há xiitas que pregam que o leite que a mãe produz é suficiente para a criança. Mas às vezes isso não é verdade. Uma das mães que esteve no consultório recentemente decidiu deixar seu bebê prematuro somente no peito. Mas ela não tinha leite bastante e ele acabou perdendo peso, o que é perigoso.
A pediatra também falou sobre visitas: os prematuros precisam de uma espécie de quarentena, porque não podem pegar nenhuma doença, sob o risco de voltarem para a UTI. Ela só liberou a visita dos avós e tios, desde que não estejam com tosse, febre, dor de cabeça, alergias e afins. Mesmo assim, só para ver de longe, sem encostar no bebê.
Meu pai está com pneumonia e não poderá ver o seu neto por um boooooom tempo.
Depois das perguntas fomos para a parte da consulta que mais nos deixava apreensivos: o exame médico.
Tínhamos medo de que ele não se comportasse bem, lançando um cocô spray como faz em casa, e assim manchando a parede, o avental da médica e infectando para sempre seu estetoscópio.
Nessa parte, felizmente, Matias comportou-se como um cavalheiro. Não fez seu cocô a jato nem brincou de hidrante quebrado, molhando todo mundo à sua volta.
A segunda questão era ver seu peso e altura. Será que nas mãos de pais inexperientes ele teria perdido preciosas gramas? Ou pior: teria encolhido?
Quando ela colocou a régua ao lado dele, vimos que tinha crescido. Agora Matias é um rapagão de 46,5 centímetros.
O mais importante, porém, era o peso. Teríamos alimentado mal o nosso filho? Então eis que, quando a médica o colocou na balança, apareceram os números 2540. Matias tinha engordado 230 gramas. Quase 40 gramas por dia!
Sinos badalaram, fogos de artifício explodiram no céu, confetes caíram do teto e faixas desceram surgiram com os dizeres: “Vocês são grandes pais!”, “Parabéns!” e “Dá-lhe, Matias!”.
Aquele aumento de peso do Matias nos tirou um peso das costas. Valeu a pena acordá-lo de três em três horas, esterilizar mamadeiras, bombear leite do peito e dançar com ele de madrugada por conta das cólicas.
Valeu até limpar as paredes de cocô spray.